O Supremo Tribunal Federal e a licença-maternidade para mãe que não engravidou em união homoafetiva. Aparente avanço em meio ao retrocesso dos direitos sociais no Brasil

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.19135/revista.consinter.00019.30

Palabras clave:

salário-maternidade, união homoafetiva, proteção integral da criança, licença parental

Resumen

O conceito de família sofreu mudanças com novos agrupamentos afetivos. A Constituição Federal de 1988 conferiu especial proteção à união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar e a jurisprudência passou a entender como entidade familiar outras formas de associação afetiva, com o Supremo Tribunal Federal equiparando à família as uniões homoafetivas. O objetivo do estudo é discorrer sobre a decisão do STF no Recurso Extraordinário nº 1.211.446 e a tese formada em repercussão geral no tema 1072 versando sobre a possibilidade de concessão de licença-maternidade à mãe não gestante, em união estável homoafetiva, cuja companheira engravidou após procedimento de inseminação artificial. A premissa assumida é que as decisões administrativas centradas na estrita legalidade, sobretudo quando ausentes normas específicas de tutela, em casos análogos de proteção social ao do RE nº 1.211.446, conflitam com os valores da dignidade da pessoa humana e do trabalho, sobretudo quando envolvem direitos de pessoas vulneráveis protegidos por princípios constitucionais expressos. O método utilizado para o desenvolvimento do trabalho foi o dedutivo tendo como procedimentos metodológicos as pesquisas bibliográfica e documental, associada com o estudo do caso selecionado. A pesquisa questiona se a tese adotada pelo STF cumpre o papel de tutela dos direitos fundamentais das crianças que compõe um núcleo familiar homoafetivo, sob a perspectiva da licença-maternidade e do benefício previdenciário. A hipótese é a insuficiência protetiva da tese formada na sistemática de repercussão geral no bojo do RE nº 1.211.446 com a autocontenção da Corte ao se limitar ao objetivo do recurso extraordinário.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Biografía del autor/a

Augusto Grieco Sant’Anna Meirinho, Universidade de Coimbra

Pós-Doutor em Direitos Humanos e Constitucionalismo pelo IGC / Coimbra. Doutor em Direito das Relações Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Mestre em Direito Previdenciário pela PUC-SP. Especialista em Direito e Processo do Trabalho pela Universidade de São Paulo. Procurador do Trabalho. Titular da Cadeira nº 20 da Academia Brasileira de Direito da Seguridade Social.

Citas

AMORIM, Helder Santos, “Responsabilidade nas Relações de Trabalho”, In TEPEDINO, Gustavo et. al., Coord., Diálogos entre o Direito do Trabalho e o Direito Civil, São Paulo, Editora Revista dos Tribunais, 2013, pp. 441-458.

BECK, Ulrich. Sociedade de Risco, São Paulo, Editora 34, 2010.

BELTRAMELLI NETO, Silvio, Direitos Humanos, Salvador, JusPodium, 2014.

BINENBOJM, Gustavo, Uma Teoria do Direito Administrativo, Rio de Janeiro, Editora Renovar, 2014.

DIAS, Maria Berenice, Manual de Direito de Família, São Paulo, Editora Revista dos Tribunais, 2016.

FERREIRA, Lauro Cesar Mazetto, Seguridade Social e Direitos Humanos, São Paulo, LTr, 2007.

FURTADO, Lucas Rocha, Curso de Direito Administrativo, Belo Horizonte, Fórum, 2012.

GOMES, Gabriela Giaqueto, Homoparentalidade nas Relações Homoafetivas, Belo Horizonte, Editora Dialética, 2021.

HÄBERLE, Peter, Dimensões dos Direitos Fundamentais à Luz de uma Comparação de Níveis Textuais de Constituições, Direito Público, 11(55), 2014, pp. 193–119.

HOGEMANN, Edna Raquel, SOUZA, Thiago Serrano Pinheiro de (2019), O Direito à Liberdade de Amor Homossexual: Da Interdição Moral do Desejo à Proclamação de um Efetivo Direito Fundamental, Revista Internacional Consinter De Direito, 5(9), 103–118. https://doi.org/10.19135/revista.consinter.00009.05, pp. 110-111.

ILO, Maternity and Paternity at Work, Law and Practice Across the World, International Labour Office, Geneva, ILO, 2014.

LEITÃO, André Studart, MEIRINHO, Augusto Grieco Sant’Anna e LIMA, Alexandre César Diniz Morais, Direito Previdenciário, São Paulo, SaraivaJur, 2022.

LIMA, Marcus Vinicius Rodrigues (2024), Mínimo existencial e transformações sociais, A relevância dos direitos fundamentais em tempos de crise, Revista Internacional Consinter de Direito, 10(18), 293–312, https://doi.org/10.19135/revista.consinter.00018.11.

MADALENO, Rolf, Manual de Direito de Família, Rio de Janeiro, Forense, 2019.

MARTINEZ, Luciano, Curso de Direito do Trabalho, São Paulo, SaraivaJur, 2023.

PASTRO, Laura Carvalho, Licença Parental no Brasil, Rio de Janeiro, Editora Lumen Juris, 2022.

PEREIRA, Rodrigo da Cunha, Direito das Famílias, Rio de Janeiro, Forense, 2020.

PRONI, Thaíssa Rocha, Proteção Constitucional à Maternidade no Brasil, São Paulo, LTr, 2013.

SANCHES, Aline Cavalcante de Souza, “Conceito de Família e os Novos Arranjos Familiares”, In FIUZA, César, Org. RODRIGUES, Edwirges Elaine, SILVA, Marcelo Rodrigues da e OLIVEIRA FILHO, Roberto Alves de, Coords., Temas Relevantes sobre o Direito das Famílias, Belo Horizonte, Editora D´Plácido, 2019, pp. 35-55.

TEPEDINO, Gustavo, Temas de Direito Civil, Rio de Janeiro, Editora Renovar, 2008.

Publicado

2024-12-21

Cómo citar

Meirinho, A. G. S. (2024). O Supremo Tribunal Federal e a licença-maternidade para mãe que não engravidou em união homoafetiva. Aparente avanço em meio ao retrocesso dos direitos sociais no Brasil. Revista Internacional Consinter De Direito, 10(19), 645–668. https://doi.org/10.19135/revista.consinter.00019.30